Interacções Medicamentosas

Há muitas potenciais interacções medicamentosas com a metadona.
No entanto, é difícil estudar as interacções medicamentosas porque a metadona tem um tempo de semi-vida longo, e o tempo para manifestar a interacção medicamentosa pode
ser até 10 dias. Muitas das interacções medicamentosas citadas na literatura não têm sido rigorosamente investigadas. As interacções medicamentosas com a metadona ocorrem principalmente devido à inibição ou indução das enzimas hepáticas. In vitro os resultados sugerem que a metadona sofre N-desmetilação hepática por enzimas do citocromo P450, principalmente CYP3A4, CYP2B6, CYP2C19 e, em menor quantidade, por CYP2C9 e CYP2D6. Embora fármacos como antibióticos macrólidos mais antigos (troleandomicina), cetoconazol e diazepam são capazes de inibir o CYP3A4, e assim inibir o metabolismo da metadona para formação do seu metabolito inactivo, até 80% in vitro, muitos destes agentes não apresentam o mesmo grau de inibição in vivo. Os fármacos que induzem os sistemas enzimáticos responsáveis pelo metabolismo da metadona podem resultar na redução dos níveis de metadona. A administração de metadona, juntamente com outros indutores da CYP3A4 pode resultar em sintomas de abstinência. Pensa-se que o abuso crónico de álcool pode aumentar a concentração das enzimas hepáticas e reduzir os níveis de metadona. Anticonvulsivantes como fenobarbital, fenitoína e carbamazepina são exemplos clássicos de indutores da enzima CYP3A4 que podem diminuir a concentração de metadona. Dos medicamentos antivirais usados para o tratamento do HIV, inibidores da transcriptase reversa não-nucleósidica aumentam o metabolismo da metadona. Os níveis de metadona podem ser afectados pela concorrência de enzimas metabólicas. Por exemplo, alguns acham que o excesso do consumo de álcool pode impedir o metabolismo adequado da metadona, aumentando temporariamente a sua concentração. Um exemplo do metabolismo preferencial da metadona é a sua interacção com a zidovudina, onde foi descrito um aumentou dos níveis de zidovudina. Por outro lado, a metadona parece diminuir a concentração de estavudina e didanosina, aparentemente, diminuindo a sua absorção.
Por fim, tanto o álcool como as benzodiazepinas têm sido associados ao risco aumentado de depressão respiratória nos pacientes que tomam opioides.
As tabelas seguintes sumarizam as interacções com a metadona das quais resulta um aumento ou uma diminuição dos efeitos da mesma. Também estão indicados os efeitos clínicos e o possível mecanismo de interacção nas respectivas tabelas.

Bibliografia: